TEMPO?

Um dia você vai está sozinho, vai fechar os olhos e tudo estará negro, escuro... Os números de sua agenda passarão claramente na sua frente e você não terá nenhum para discar. Sua boca vai tentar chamar o nome de alguém, mas não há alguém solidário o bastante para sair correndo e te dar um abraço, nem te colocar no colo ou acariciar teus cabelos até que o mundo pare de girar. Nessa fração de segundos, quando seus pés se perderem do chão, você irá lembrar de mim, da minha ternura, do meu jeito infantil. Virão súbitas memórias gostosas dos meus abraços e beijos, da minha preocupação com você e só vão ter algumas músicas repetindo no seu rádio: as nossas... Em um novo momento, você vai sentir um enorme aperto no peito, uma pausa na respiração, um frio subindo pela "espinha" e vai torcer bem forte pra ter de volta nosso mundo delicioso, mundo que você teimava em chamar de "mundinho". Você sabe como é o nome disso que você estará sentindo? É saudade! Aquilo que eu tinha e sentia tanto, que te falava sempre, e você sempre me chamando de doente, de louco... E quando você finalmente discar meu número, ele estará ocupado demais para você... Ou quem sabe, nem será mais o mesmo, ou até, eu, simplesmente, não irei mais querer te atender... E se você insistir e for bater na minha porta, a encontrará muito bem trancada, e se no caso estiver aberta, estará totalmente vazia para você... Aí, então teus olhos te ensinaram algo que os meus conhecem muito bem, te ensinaram o que é lágrimas, Aquelas que tanto te disse que ardiam e magoavam e você, como sempre, só fazia me ignora mais uma vez... O nome do enjôo que você irá sentir é arrependimento, e a falta de fome que virá junto, chama-se tristeza. Então quando os dias passarem e eu não te ligar como sempre fazia, quando nada de bom acontecer com você e ninguém te olhar com meus olhos encantados e apaixonados... Você conhecerá a famosa solidão... A partir daí o que acontecerá, chama-se surpresa... E provavelmente o remédio para tudo isso que você estará sentindo... ... Será o tal do tempo em que você tanto falava, aquele mesmo que você sempre pedia...