quarta-feira, 4 de junho de 2008

DEVER DE SONHAR

Ainda quando criança, me falaram que tudo passa.

Teimei em nao acreditar. Ainda hoje não acredito. Tudo fica, nada passa. Embora acredite no verdadeiro potencial do esquecimento, sei que para trazer à tona a lembrança, basta lembrar.

Tentaram me fazer acreditar que somos responsáveis pelas nossas proprias escolhas, e teimei em duvidar, isso hoje já não duvido, somos realmente frutos das nossas escolhas. Escolhi pra mim várias paixões, tive todas. E todas ficaram. Hoje caminho sozinho, mas trago na lembrança os momentos, eles me alimentam, trago também comigo um amor, incansável, ele me guia, e nunca me permite errar. Tenho a razao como amiga fiel, fria e calma, porém mais que isso...sonhadora. E elevo isso ao mais profindo grito do meu eu, com a certeza de que nunca esquecerei nem mesmo um "ai" do meu caminho. Pois quem ouve nunca mais dele se esquece, o passado é vivo. O passado arde, ele fica. E com uma capacidade só dele de ser imutável e inassecível. Seja lá como for tudo vai ter um fim, mas nem mesmo o fim é esquecido. Queria me olhar de longe e tentar ver todo o caminho que ja percorri, orgulhoso de todas as escolhas e de todas as decisoes tomadas, cada curva feita com dificuldade... e queria chegar próximo de mim, e dizer: ainda há muito, muito a ser percorrido, segue o teu destino regando tuas plantas e admirando tuas escolhas, pois tudo é muito mais do que o que pensamos ser.
E no meio de tudo isso, me defino agora, como "Pessoa" dizendo:
"Eu tenho uma especie de dever, de dever de sonhar
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
um espectador de mim mesmo,
Eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e musicas invisíveis"

E assim sigo, lembrando, sonhando, sorrindo, chorando... Um ator e ao mesmo tempo personagem, porém mais que isso, o autor único da minha própria história.


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